sábado, 11 de setembro de 2010

Destino

Maria estava grávida.
Grávida de um homem que não a amava. O que faria? O impulso inicial foi se suicidar. Depois, abortar o bebê. Aquela pobre alma que nenhuma culpa tinha. Ela pensou muito. Muito. E decidiu que teria a criança, que a deixaria ver a luz do sol e crescer. No início, manteve-se quieta, tentando levar sua vida normalmente. Só que isso não era mais possível, pois a barriga crescera e uma vida se formava dentro dela. Seus pais tinham que saber agora. Ela preferia contar a eles.
Foi horrível. Ambos não aceitaram. Gritaram. Choraram. Disseram que Maria não era a filha que criaram, aquela criança graciosa e inteligente. A mandaram embora. "Pegue suas coisas e suma daqui, para sempre" foi o que disseram. Ela obedeceu, desnorteada e com um rombo no coração. Na soleira da porta, olhou pra trás, como se esperando que seus pais a abrissem e dissessem "Era brincadeira, querida. Entre. Você sabe nos dizer se é menino ou menina?". Mas isso não aconteceu. Maria se desesperou. Lembrou de sua amiga, Fernanda. Ligou para ela, que assustou-se com tudo e veio buscá-la. Maria contou tudo, e Fernanda pareceu chocada e com pena.
Na casa de sua amiga, quem mais a ajudou e pareceu entender o que acontecia em sua bagunçada mente foi a mãe de Fernanda, Dona Lúcia. Era uma mulher inteligente, sincera, doce e firme, e acima de todos, foi quem ofereceu maior conforto e auxílio quando Maria precisou. Estava quase na hora. Quase na hora de dar a luz à menininha que esperava em seu ventre ansiosa para nascer. Fernanda fazia algumas coisas por ela, mas parecia com ciúmes e imatura em diversos aspectos. Uma amizade superficial. Maria se entristeceu ao perceber isso, mas recobrou forças ao lembrar de Dona Lúcia, uma viúva de fibra e coração.
A hora era chegada. A bolsa havia estourado. Dona Lúcia foi com Maria para o hospital, e permaneceu com ela até os momentos mais críticos. Momentos de dor, de aflição e preocupação. "Será que vou conseguir?", Maria pensava, e Dona Lúcia, parecendo ler sua mente, falava: "Você vai conseguir, minha querida, e vai lembrar desses momentos por toda sua vida". A menina nasceu. Uma garotinha loira e rechonchuda.
Dona Lúcia chorou muito, e disse à Maria que lembrava de si mesma quando deu a luz à Fernanda. Mãe de primeira viagem, nova, assustada, sozinha e inexperiente. A mais nova mãe chorou muito, e abraçou com todo seu amor sua filha. Ficou sem palavras para agradecer Dona Lúcia por tudo.
O médico perguntou qual era o nome da menina, e Maria, com todo orgulho e felicidade, respondeu: "Lúcia". É, certa vez disseram que as pessoas entram em nossa vida por acaso, mas que não por acaso elas permanecem...

Nenhum comentário:

Postar um comentário