terça-feira, 31 de agosto de 2010

Escuridão

Corri pra longe. O mais rápido que pude. E, pra minha surpresa, consegui. Olhei pra trás e nada me seguia. Apenas sons distantes rondavam meus ouvidos. Me apoiei em uma árvore nodosa e pude respirar com calma pela primeira vez desde que disparei para longe daquilo. Tinha que continuar. Senti meus pés protestarem e meu peito doer de esforço, mas não podia correr o risco de ser encontrado. Recomecei a correr, e senti a escuridão me cercar e meu cérebro fugir do crânio. Não me pergunte como, eu caí. Caí num abismo, num poço sem fim.

Pelo menos pensei que era sem fim. Me enganei. Bati em algo elástico, estranho ao tato. Tentei olhar em volta, mas não consegui, a escuridão era dominante e absoluta. Logo percebi: A escuridão que preenchia meus pesadelos e que há poucos segundos antes me fazia correr, agora me dominava. Busquei as árvores, o chão, mas nada se fazia possível ao meu toque. Tudo era escuridão, aquela forma elástica e bruta, o tudo. Estava sendo pressionado, e a escuridão que antes eu fugia agora era o meu ser. Era o tudo.

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