Porque estou sozinho? Porque não
consigo entender a situação? Porque preferiram outra programação do que aquela
que me incluía? Porque as coisas são assim? E outra coisa: porque vivemos nos
perguntando o porque das coisas? Seria porque estamos eternamente
insatisfeitos? Ou porque simplesmente não aceitamos as coisas como elas são –
ou deveriam ser?
Cada dia que passa é um dia a mais ou um dia a menos? Porque
existe essa dúvida? Não seria ela recorrente da eterna e inerente incapacidade
do ser humano de aceitar ser ‘simplesmente mais um’ em meio a tantos? Essa
pergunta parece um tanto quanto negativa, mas será – será mesmo – que não é
válida para questionamentos?
Talvez sim, porque adoramos um porque aqui e outro ali. Até
que um porque é empilhado em cima de outro e aí temos infinitos “porque”
perdidos – que refletem de forma absolutamente desorganizada as incontáveis
dúvidas que insistem em nos assombrar.
Certa vez alguém disse que pessoas inteligentes tendem a ser
mais negativas porque a atividade de pensar cria problemas que ainda não
exatamente existem. Pois talvez, na verdade, isso não faça sentido. (E não se
irrite com tantos talvez. Assim como o insistente porque, tudo é dúvida,
incerteza e insatisfação).
Perdão. Retornemos ao ponto. Essa afirmação pode ser
absolutamente errônea, porque “ser negativo” é, em variadas medidas que
dependem de pessoa para pessoa, característica do ser humano. De todo ser
humano. O porque disso? Simplesmente pelo fato de que todos queremos, sempre, saber
o porque de cada pequena ou grande coisa feita, ouvida, percebida, lida,
sentida, vista, ignorada. Vivida.
E cada porque o levará à uma resposta. E cada resposta o
levará a outro porque. Até que as tão desejadas respostas – que em sua maioria
são, na verdade, insatisfatórias – se esgotam. E cada porque fica sem par. E
cada porque fica no ar. Em busca de, pelo menos, algum talvez. E aí, cá estamos
nós: aspectos negativos que todos carregam consigo.
Antes de você sair em busca de mais respostas
insatisfatórias, entenda: este texto não busca responder absolutamente nenhuma
das suas perguntas. Pelo contrário, espera-se que, pelo menos, alguns outros
“porque” surjam na sua mente e te façam correr atrás de “respostas”. Com aspas,
mesmo.
Falando nisso, você pode tentar se enganar ou qualquer coisa
do tipo, mas vai acabar percebendo que toda resposta é a mesma. Que toda resposta
é um mascarado talvez.
Assim como, percebam neste texto, todo porque é exatamente igual.
Nenhum comentário:
Postar um comentário