quarta-feira, 23 de maio de 2012

Salto alto

Gargalhadas. Não conseguia parar. Assistir àquele espetáculo era algo que realmente me prendia. 

Fui caminhando até onde estava aquele 'pobre homem'. Caído. Meio torto. Amontoado no chão imundo.

Percebi que ainda segurava o isqueiro em minha mão esquerda. Larguei-o no chão, causando um baque surdo que ecoou naquele ambiente úmido e assustador. O homem se mexeu alguns centímetros. Meu pai. Sofrendo. 

Coloquei o salto do meu belo scarpin sobre sua mão espalmada. Apertei. Conforme pressionava com mais força, seu grito de dor ia surgindo. Tirei meu outro pé do chão, colocando todo meu peso no salto do sapato que continuava firme na palma de meu pai, enquanto mantinha o equilíbrio apoiando minha mão na parede.

Ouvi o barulho de algo rasgando ao mesmo tempo em que sentia meu salto afundando em sua mão, tocando o chão repentinamente.

Um urro de dor emergiu de sua garganta durante estes segundos, e eu tirei meu pé dali, abaixando-me um pouco para poder ver o que tinha feito.

Havia um rombo e muito sangue. Ops. Acho que furei sua mão.

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