terça-feira, 30 de julho de 2013

Des-consciente (parte 1)

Abro os olhos. Não enxergo nada. Fico em dúvida se estão realmente abertos. Mas... eles estão – percebo isso porque a escuridão desaparece lentamente e meus olhos agora conseguem discernir formas difusas à frente.

Estranho. Alguma coisa parece estar se mexendo. E mais estranho ainda: parece estar vindo na minha direção. Não sei se estou sentado ou em pé. Nem mesmo sei se meus pés estão no chão. Se eu tenho pés. A sensação que tenho é a de ser apenas uma consciência sem forma parada no meio daquela confusa sala escura.

Aliás, confuso estou eu. Não me restam dúvidas de que algo se aproxima. Mas eu simplesmente não faço ideia do que possa ser. Penso em me mover, mas realmente apenas ‘penso’, porque nada acontece quando tento transferir este comando para minhas pernas. (Pernas?)

A escuridão é quase total. E a ‘coisa’ – cujos contornos são difusos – está muito próxima. Se eu esticasse meu braço, poderia tocá-la. O problema é: não consigo fazer isso. E o curioso é que mesmo tão perto não consigo ter ideia do que seja. E então...

Ela me toca. Não. Ela me preenche. Não. Ela entra em mim. Não. Ela se torna eu. Não. Eu me torno ela. Não. Nós apenas nos reencontramos.

Sim.

Nenhum comentário:

Postar um comentário