terça-feira, 14 de outubro de 2014

Para: alguém.

Eu ainda não te conheço, moço. Talvez tenhamos nos cruzado alguma vez por aqui. Eu vivo pra lá e pra cá, mesmo. Talvez venhamos a nos conhecer só daqui a uns 15 anos. Apesar de que, pensando bem, eu espero que não demore tanto.

A vida tem andado complicada. Não ruim. Complicada, sabe? Como te disse, vivo de um lado para o outro, correndo pra conseguir fazer tudo o que preciso. Passo por tanta gente durante o dia. De verdade. Gente bonita, gente feia. Gente querida, gente chata. Gente com um brilho nos olhos, gente com o olhar esmaecido. Gente, gente, gente. Mas, poxa. Nenhuma dessas pessoas parece ser você.

Caso seja, se manifeste. Se bem que, assim como eu, você ainda deve estar me procurando. Todas essas pessoas passam por mim e eu fico na ânsia por te reconhecer nos olhos de alguma delas. Por sentir um solavanco na boca do estômago. Por sentir cócegas dentro de mim, causadas por essas travessas e agitadas borboletas.

Quando eu te conhecer, as coisas vão melhorar. A loucura vai encontrar uma casa pra repousar. A correria do dia vai ter pra onde voltar. Eu sempre concordo quando dizem que as melhores coisas do mundo não são coisas. Que bom que você não é uma coisa.

De você, meu querido, eu sinto saudades. Por você, meu bem, eu sinto vontades. É certo que ainda não te conheço, mas certeza maior não há: eu não preciso ter em minha mente as suas feições, se o meu coração já bate mais forte por tudo o que você vai me fazer sentir.

Espero que entenda as saudades antecipadas. Sentir isso por alguém que vai me fazer tão feliz é perfeitamente normal. Ou, ao menos, deveria ser. Não sei se você tem algum esclarecimento sobre a falta que sente de mim. Acho que as pessoas são todas bem diferentes, né? Aconteceu, por acaso – ou não –, de eu ser assim: tanto sentimento, ímpeto por contato e necessidade de você.

Hoje, no ônibus, meus olhares se cruzaram com os de alguém. Se foi com os seus, também deve ter sentido o que senti. Me avise, por favor. O silêncio será, por questão de lógica, uma resposta negativa – com a qual estou, infelizmente, tão acostumado.

Algum dia você aparece. E fica. Até que esse momento chegue, tenho pensado sobre escrever cartas em outras línguas.

Nunca se sabe, né?

Atenciosa e carinhosamente,

o outro alguém.

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